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Pedidos de demissão voluntária aumentam e batem recorde em um ano

Pedidos de demissão voluntária aumentam e batem recorde em um ano
( Foto: Reprodução )

São quase 6,2 milhões de desligamentos voluntários em 12 meses; condições de trabalho e pouca flexibilidade são alguns motivos 

Nos últimos 12 meses, quase 6,2 milhões de brasileiros pediram demissão de seu emprego estável, com registro na carteira de trabalho e contrato regido pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). Esse número equivale a um terço de todos os desligamentos registrados no período, 18,7 milhões, um recorde do Brasil. As dispensas voluntárias também bateram recordes mensais, trimestrais e semestrais, segundo informações do Caged (Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados).

Não é coincidência esses números terem subido ao mesmo tempo em que escolas, universidades e a maioria das empresas retomavam as atividades presenciais que ficaram suspensas durante a pandemia da Covid-19. Economistas e consultores de Recursos Humanos afirmam que a alta nos desligamentos voluntários está diretamente relacionada com as mudanças no mercado de trabalho decorrentes do período de isolamento social.

Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, diz que há duas razões principais: a primeira é o início do processo de normalização das contratações, e a segunda, o trabalho remoto. “As pessoas que durante os dois anos de pandemia aceitaram empregos com remuneração mais baixa, estão voltando para posições mais condizentes com suas habilidades. Além disso, com a experiência do home office, muitos funcionários repensaram suas relações de trabalho, e não querem mais gastar tempo com deslocamento, trânsito, transporte público, etc..”, analisa. 

“Essas demissões podem ser explicadas pela insatisfação com as condições de trabalho oferecidas pelas organizações. Cada vez mais os trabalhadores estão procurando por oportunidades que façam sentido para o seu estilo de vida. Por esse motivo, quem tem condição de escolher onde trabalhar, acaba optando pelo trabalho remoto”, afirma Leonardo Casartelli, diretor geral do Empregos.com.br.

Ele afirma que o perfil do trabalhador mudou na pandemia. “É claro que existem aqueles que não podem se dar ao luxo de ficar fora do mercado de trabalho, mas hoje os profissionais estão mais interessados em se qualificar, migrar de área e alcançar melhores oportunidades”, conta Casartelli, que também relata que a procura por cursos de especialização teve um boom durante a pandemia.

Uma pesquisa da empresa de recrutamento Robert Half mostra que, entre os motivos que levam profissionais com mais de 25 anos a buscar um novo emprego, estão a busca de um salário melhor, para 37% dos entrevistados, o desejo de aprender algo novo (para 19%) e a expectativa de melhorar a qualidade de vida (para 12%).

“Existe uma exigência maior por parte dos colaboradores em relação às condições de trabalho oferecidas pelas empresas. Muitos buscam por organizações com políticas mais flexíveis e benefícios que vão além dos convencionais”, completa o diretor do Empregos.com.br.

Trabalho híbrido

Não se pode esquecer que, além de mais conveniente para o trabalhador, o trabalho remoto, em muitos casos, é a única opção para as empresas que reduziram seu espaço físico no período de isolamento social. Grande parte delas adotou o regime de trabalho híbrido, com a ida ao escritório em apenas alguns dias da semana. 

Diversos estudos apontam que trabalhar alguns dias em casa e outros na empresa é a modalidade mais adequada à nova realidade: torna os trabalhadores mais felizes e produtivos. Um exemplo é a pesquisa EY Work Reimagined 2022, realizada pela consultoria EY, que envolveu mais de 17 mil trabalhadores e 1.575 empregadores de 26 setores, em 22 países.

Do Brasil, foram cerca de 600 respondentes, dos quais 53% disseram que preferem trabalhar de forma remota entre três e quatro dias por semana; no cenário global, foram 38%. Quanto a trabalhar remotamente de zero a um dia por semana, no mundo foi a preferência de 20%, mas só de 9% dos brasileiros.

A insatisfação geral com o emprego também está elevada: no mundo, 43% dos trabalhadores  afirmam ser provável deixarem seu atual empregador no próximo ano, enquanto no Brasil, esse percentual é de 50%. Isso se reflete na rotatividade dos empregados que, para 68% dos empregadores entrevistados, aumentou nos últimos 12 meses.

Fonte: R7.COM

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