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Novo remédio pode mudar o destino de pacientes com Alzheimer em estágio inicial

Novo remédio pode mudar o destino de pacientes com Alzheimer em estágio inicial

Novo remédio pode mudar o destino de pacientes com Alzheimer em estágio inicial
( Foto: Reprodução )

Apesar de reduzir declínio cognitivo em 27% dos pacientes com a doença, medicamento também apresentou risco de efeitos colaterais graves

Cientistas comemoraram nesta quarta-feira (30) os resultados de um ensaio clínico que confirma que uma nova droga retarda o declínio cognitivo de pacientes com Alzheimer, mas eles também apontaram alguns efeitos colaterais importantes.

Os dados completos do ensaio clínico avançado (fase 3), realizado com cerca de 1.800 pessoas durante 18 meses, confirmaram uma redução de 27% no comprometimento cognitivo em pacientes que receberam lecanemabe, um medicamento desenvolvido pelo grupo farmacêutico japonês Eisai e pela americana Biogen.

Essa relação “estatisticamente significativa” entre os dois grupos já havia sido anunciada no fim de setembro.

A Associação de Alzheimer dos Estados Unidos disse que os dados confirmam que a droga “pode ​​mudar significativamente o curso da doença para pessoas nos estágios iniciais da doença de Alzheimer” e pediu aos reguladores do país que aprovem o pedido da empresa para autorização acelerada.

No entanto, os resultados, publicados nesta quarta-feira no New England Journal of Medicine, também apontam os efeitos colaterais, às vezes graves.

No total, 17,3% dos pacientes que receberam lecanemabe sofreram hemorragias cerebrais, em comparação com 9% dos pacientes do grupo placebo.

A droga foi associada ainda a um tipo de inchaço cerebral em 12,6% dos pacientes do estudo, um efeito colateral observado anteriormente com drogas semelhantes.

Segundo o estudo, 14% dos pacientes tiveram micro-hemorragias no cérebro — um sintoma ligado a duas mortes recentes de pessoas que receberam lecanemabe em um estudo de acompanhamento — e cinco pacientes sofreram macro-hemorragias.

Apesar disso, a taxa geral de mortalidade é quase a mesma nos dois grupos (0,7% nas pessoas que receberam lecanemabe, 0,8% nas que receberam placebo).

“É o primeiro medicamento que oferece uma opção real de tratamento para pessoas com Alzheimer”, disse Bart De Strooper, diretor do Instituto Britânico de Pesquisa em Demência.

“Embora os benefícios clínicos pareçam um tanto limitados, espera-se que eles se tornem mais evidentes se o medicamento for administrado por um período maior de tempo”, disse ele.

Uma doença incurável

Na doença de Alzheimer, duas proteínas-chave — tau e outra chamada beta amiloide — acumulam-se gradualmente de forma anormal no cérebro e causam a morte das células cerebrais e o encolhimento do cérebro.

Isso provoca perda de memória e uma incapacidade crescente de realizar tarefas diárias.

Essa doença é um dos principais problemas de saúde pública e afeta mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo.

O lecanemabe tem como alvo os depósitos de proteína beta amiloide, mas apenas nos estágios iniciais da doença, o que pode limitar seu uso, já que o Alzheimer costuma ter um diagnóstico tardio.

“Todas essas drogas redutoras de amiloide apresentam risco de aumento da hemorragia cerebral”, de acordo com Ronald Petersen, da Clínica Mayo, em Rochester, Minnesota.

Outro remédio contra o Alzheimer da Biogen e Eisai, chamado Aduhelm (aducanumabe), já havia despertado esperanças em 2021. Foi o primeiro medicamento aprovado nos Estados Unidos contra a doença desde 2003.

Mas o aducanumabe também gerou polêmica quando a agência americana de medicamentos, a FDA, foi contra a opinião de um painel de especialistas, que considerou que o tratamento não demonstrou eficácia suficiente nos ensaios clínicos. A FDA posteriormente restringiu seu uso.

Várias empresas farmacêuticas, como a gigante suíça Roche, falharam recentemente em encontrar um tratamento para a doença de Alzheimer, que permanece incurável e cujas causas e mecanismos precisos ainda não são claros.

O novo medicamento da Eisai e da Biogen também não cura a doença e “não há definição aceita de efeitos clinicamente significativos no teste cognitivo” que os autores do estudo usaram, afirmou Tara Spires-Jones, vice-diretora do Centro de Descoberta de Ciências do Cérebro da Universidade de Edimburgo (Escócia).

“Ainda não é certo que a modesta redução (na velocidade do declínio cognitivo) fará uma grande diferença” para os pacientes, e “testes mais longos serão necessários para garantir que os benefícios desse tratamento superam os riscos”, acrescentou a neurocientista.

Fonte: R7.COM

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