Um encontro entre a musicalidade formal aprendida no Massachussets Institute of Technology (MIT), considerado por vários rankings a melhor universidade do mundo há mais de 10 anos, e a musicalidade amazônica inspirada nos sons da floresta, aconteceu na manhã desta terça-feira (28) no Centro Cultural Palácio Rio Negro, avenida Sete de Setembro, no Centro de Manaus.
Aproximadamente 80 músicos pesquisadores do MIT participaram de um workshop especial sobre bioinstrumentos nativos da Amazônia, fabricados a partir de produtos da floresta pelo instrumentista amazonense Eliberto Barroncas. A atividade tem apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa.
O workshop incluiu também o acesso aos instrumentos amazônicos por meio de realidade virtual, com tecnologia desenvolvida pelo músico amazonense César Lima, pesquisador e idealizador do projeto “The Roots VR”. A ferramenta que deriva de um extenso processo de pesquisa e que reúne diversos instrumentos nativos da Amazônia.
A experiência culminou em uma jam session com os universitários norte-americanos, reunindo os sons dos bioinstrumentos com os sons dos instrumentos tradicionais que estão acostumados a tocar, mais as vozes dos grupos vocais que acompanham a comitiva de estudantes do MIT.
Leia também: Teatro Amazonas é apontado como edifício mais bonito do Brasil
Tendo Física e Engenharia Nuclear como foco principal de sua formação, a universitária Charlotte Wyckert escolheu também estudar música em sua jornada no MIT. Para ela, a experiência no Amazonas tem sido surreal, desde que o grupo chegou a Manaus, na última sexta-feira (24),
“Essa experiência de hoje foi incrível. Foi minha experiência favorita desde que chegamos. O que é realmente especial é que a música que tocamos, os clássicos ocidentais, é ensaiado muito e muito planejado. É com isso que estou acostumada e me sinto confortável. Mas fazer algo no momento, de forma espontânea, como fizemos aqui, é uma sensação totalmente diferente e muito especial”, disse a universitária.
Para Auttumn Geil, a experiência foi impactante desde à chegada ao prédio histórico do Centro Cultural Palácio Rio Negro. “Depois de ter visitado a belíssima floresta, vir a Manaus e se deparar com uma arquitetura como esta, é uma experiência da qual estou muito grata de fazer parte”, declarou.
Integrante de um grupo vocal de dez pessoas, Auttumn se encantou com a possibilidade de conhecer a experiência de músicos locais e ainda ter a oportunidade de fazer música com um grupo tão grande. “É diferente de qualquer coisa que eu já fiz até hoje. Ouvir como o Eliberto [Barroncas] produz instrumentos e vê-lo tocar me fez sentir realizada”, disse.
Para o próprio Eliberto Barroncas, músico experiente e renomado, a experiência foi especial e inusitada. “Para mim realmente foi uma honra. Porque nasci e me criei na beira do rio. E poder falar para pessoas que vêm de outros lugares, com interesse em música e valores da vida amazônica, no sentido maior da questão, daquilo que é mais profundo, é uma honra”, afirmou.
‘Hearing Amazonia’
O encontro da manhã desta terça-feira (28) faz parte do projeto “Hearing Amazônia: Arte é Resistência”, um intercâmbio de imersão cultural e tecnológica, entre artistas brasileiros e os estudantes do MIT. A atividade tem apoio do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (SEC).
A experiência vai culminar com a apresentação do espetáculo “Hearing Amazônia: Arte é Resistência”, nesta sexta-feira (31), a partir das 20h, com entrada gratuita, no Teatro Amazonas.
O show será promovido por integrantes do MIT Wind Ensemble, MIT Festival Jazz Ensemble, MIT Vocal Jazz, sob direção do famoso maestro americano Frederick Harris, apresentando composições de grandes artistas nacionais e mundiais. No mesmo palco, também estarão nove musicistas de Manaus, completando a formação oficial.
Além disso, a apresentação terá a participação especial da cantora indígena Djuena Tikuna; da vocalista e compositora de jazz, Luciana Souza; da premiada clarinetista americana, Anat Cohen; do clarinetista americano, Evan Ziporyn; do famoso baterista brasileiro, ganhador do Grammy, Edu Ribeiro, além do ativista indígena José Neto. O espetáculo será coordenado pelos diretores musicais do MIT, Frederick Harris e Laura Grill Jaye.
Fonte: ASCOM/SEC