Manifestantes cobram segurança depois do desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips
Os funcionários da Fundação Nacional do Índio (Funai) decidiram entrar em greve nesta terça-feira, 14, em razão do episódio do desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips na Amazônia.
A decisão foi tomada em assembleia na segunda-feira e prevê a paralisação de 24 horas. A greve da Funai reivindica reforço da segurança em regiões remotas da Amazônia.
Adicionalmente, a greve na Funai pede que Marcelo Xavier, presidente da entidade, retire as declarações sobre Bruno Pereira. Em nota, a entidade manifestou que o indigenista licenciado da Funai não tinha autorização para entrar em terras indígenas.
Segundo os manifestantes, no entanto, Pereira pediu autorização à Coordenação Regional da Funai e seguiu todos os protocolos do órgão para o trabalho na Amazônia. A entidade rebate, dizendo que o aval valia somente até 31 de maio e não foi comunicado à sede central, em Brasília.
Sobre o caso
Bruno Pereira e Dom Phillips estão desaparecidos na Amazônia desde 5 de junho. Eles foram vistos pela última vez na região do Vale do Javari (AM), ao passar pela comunidade de São Rafael. De lá, partiram numa embarcação para uma viagem de cerca de duas horas.
A região do Vale do Javari é a segunda maior terra indígena do Brasil, equivalente ao território de Portugal, com pouco mais de 90 mil quilômetros quadrados. O acesso ao local é considerado difícil pelas autoridades, o que atrapalha as buscas pelos desaparecidos. Atuam na área cerca de 250 agentes da Polícia Federal, integrantes da Marinha, do Exército, das Polícias Militar e Civil do Amazonas. Vivem na região ao menos 10 mil indígenas.
Pereira é servidor afastado da Funai e sofria ameaças de garimpeiros que atuam na área. O jornalista, que colabora para o jornal The Guardian, recebeu no ano passado uma bolsa da Fundação Alicia Patterson, dos EUA, para investigar a preservação e a conservação da Amazônia.
Fonte: R7.COM