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Flavio Cavalcanti e Silvio Santos ficavam à distância. Se gostavam, mas tinham ciúme um do outro

Flavio Cavalcanti e Silvio Santos ficavam à distância. Se gostavam, mas tinham ciúme um do outro

Filho do célebre apresentador de tevê, Flavio Cavalcanti Junior conta nesta entrevista, e no recém-lançado livro Senhor TV , as histórias mais saborosas e polêmicas da trajetória de seu pai

Por três décadas, entre 1957 e 1986, milhões de telespectadores viram a frase acima ser repetida no horário nobre, em várias emissoras do país, por um dos mais polêmicos e brilhantes apresentadores da história da televisão brasileira: Flavio Antônio Barbosa Nogueira Cavalcanti. Ou, para os com quilometragem suficiente para ter acompanhado marcos como a pisada de Neil Armstrong na Lua, o desfile de Pelé no México ou mesmo o início do tsunami que levou o mundo digital a cobrir o analógico, apenas Flavio Cavalcanti, por favor!

O bordão, sempre acompanhado do gesto de apontar o céu com o indicador da mão direita, perpetua-se como meme na internet, vinheta em rádios e outras coisas do tipo. Entre um comercial e outro, o carioca Flavio Cavalcanti estraçalhava discos não aprovados por ele, esculhambava e arrumava treta com artistas de vanguarda, centro ou retaguarda, e exibia em tom solene reportagens exóticas, apimentadas, às vezes bizarras, nas noites rígidas do Brasil das décadas de 1960 e 1970.

Na noite de 22 de maio de 1986, Flavio, com os primeiros efeitos de uma isquemia aguda no coração, mandou seu último “nossos comerciais, por favor” ao vivo, no SBT. No intervalo, foi levado a um hospital de São Paulo e substituído, no ar, por Wagner Montes. Morreu quatro dias depois, aos 63 anos. Flavio trocou flechadas verbais com muita gente. Chamou Caetano Veloso de “porco”, detonou roqueiros dos anos 1980 como “bobocas contaminados pela doença sem cura chamada rock” e, com semblante crispado e pancadas secas na bancada, estilhaçou muitos — mas muitos — discos de vinil. Como o Brasil não é para amadores, vez por outra um dos moídos pedia a ele para repetir a atitude com outras de suas obras. Motivo: a performance tinha feito as vendas darem um pulo.Dias atrás, o executivo de televisão e jornalista Flavio Cavalcanti Júnior, filho do apresentador, lançou o livro Senhor TV – A Vida com Meu Pai, Flavio Cavalcanti (Editora Matrix, 199 páginas, R$ 46 em média). Um relato recheado de passagens saborosas. “Queria resgatar esses episódios não só por afeto, mas porque são de fato muito bons. Costumo brincar que o livro não é bom, mas as histórias são. Talvez por isso estejam sendo tão bem recebidas”, explica o autor, que, em um salto sobre alguns marcos de peso na história da televisão brasileira, trata o apresentador, em todo o livro, por “papai” e “meu velho”. Acompanhe, por favor!Se as histórias são mesmo boas, vamos a elas. Primeiro, conte a da entrevista com o ex-presidente Getúlio Vargas no Rio em 1948.
Essa é ótima. Papai era um jovem de 22 anos, repórter e colunista do Jornal da Manhã. Getúlio tinha sido derrubado do poder três anos antes, em 1945. Após longo recolhimento em suas fazendas no Rio Grande do Sul, voltou ao Rio, hospedou-se no apartamento do amigo Alencastro Guimarães, um dos ministros de seu governo, no Morro da Viúva, entre as praias do Flamengo e de Botafogo, debruçado sobre uma das mais espetaculares vistas da então capital federal do país e, por que não assumir, do mundo. E, mesmo longe da imprensa, iniciou articulações para tentar voltar ao poder, pelo voto, em 1950.

Fonte: R7.COM

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