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Festival de Parintins no Dia dos Namorados: quando os contrários se atraem, a torcida é pelo amor

Festival de Parintins no Dia dos Namorados: quando os contrários se atraem, a torcida é pelo amor
(Foto: Divulgação/Acervo pessoal)

Torcedores de Caprichoso e Garantido driblam a rivalidade para formar casais e deixar o amor prevalecer

Chamada de Lei de Coulomb, a lei da física que estabelece que os opostos se atraem, encontra paralelo nas uniões afetivas que envolvem torcedores dos bois-bumbás Caprichoso e Garantido. Muitas vezes, os contrários se atraem. É exatamente este o caso dos casais formados por Marcos Moura Persilva e Isabela Moura Persilva, e Thaís Hayek e Thiago Lucas Figueiredo, cujas histórias merecem destaque neste Dia dos Namorados.

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Marcos é torcedor aguerrido do boi-bumbá Garantido, Isabela torce ferrenhamente pelo Caprichoso. Da mesma forma, Thaís Hayek torce para o Garantido e seu noivo, Thiago Lucas Figueiredo, torce para o Caprichoso. Vale ressaltar que a rivalidade entre as torcidas costuma ser tão combativa, que o torcedor de um boi não pronuncia o nome do bumbá rival, limitando-se a chamá-lo de “contrário”.

Mas é aí que entram os desígnios do destino e os contrários acabam se atraindo, e se apaixonando. O resultado é que os casais fazem um pacto de paz e boa convivência e acabam frequentando, com ressalvas, os redutos do boi-bumbá do outro.

Marcos e Isabella se conheceram no ano 2000, em um show na praia da Ponta Negra. “Ela, na época, dançava no Grupo de Dança Movimentos (GDM), do Caprichoso, e eu dançava no Garantido Show, mas na época não continuamos a conversar e tomamos rumos diferentes”, conta Marcos.

Após 23 anos, o casal se reencontrou, no ano passado, em um evento no qual os antigos dançarinos do GDM se reuniram para celebrar os 35 anos de Bar do Boi. “Como eu nunca me afastei dos eventos, depois que parei de dançar comecei a trabalhar na comunicação do Boi Garantido. Depois deste reencontro, começamos a nos seguir nas redes sociais e casamos no começo deste ano”, resume Marcos.

Segundo ele, a convivência entre o casal de contrários é bem respeitosa. “Trocamos algumas farpas (risos) mas mantemos a boa convivência. Ela me acompanha no meu trabalho, mas nunca vai de azul, usa sempre roupas de cores neutras”, ressalta Marcos, acrescentando que Isabela o acompanha nos palcos quando ele apresenta os currais do Garantido. “E eu também sempre a acompanho quando ela vai no Bar do Boi”, mas, às vezes, vou de vermelho.

Prova de fogo

Uma das verdadeiras provas de fogo para o casal vai acontecer nos dias 28, 29 e 30 de junho, quando Caprichoso e Garantido se enfrentam na arena do Bumbódromo de Parintins (a 369 quilômetros de Manaus), Não por acaso, Isabela e Marcos já planejam como vai ser a viagem para evitar conflitos.

“Este ano será nossa primeira vez juntos em Parintins. Estamos nos programando para assistir ao festival nas duas torcidas. Uma noite ela vai para a galera do Garantido comigo, e na outra noite vou com ela para o Caprichoso. Na terceira noite, vamos sortear (risos)”, conta Marcos.

Isabela confessa que nem tudo é um mar de rosas na relação entre contrários. “Confesso que é um desafio a cada evento ou polêmica que envolva nossos bois! Eu, que só tinha roupa preta e azul no guarda-roupas, me vejo agora andar de bege ou branco quando acompanho ele no contrário”, relata.

Ela também revela o que faz com que a rivalidade se torne um detalhe menor no relacionamento. “E olha que nossa disputa é clássica e diária: desde a cor dos nossos tênis até a recepção do nosso casamento. Contrários e, na mesma proporção em que somos apaixonados pelo nosso boi, é o nosso amor um pelo outro, o que torna a ‘disputa’ saudável”, diz Isabela.

Indagada sobre a maior dificuldade de estar em um relacionamento amoroso com um torcedor do boi “contrário”, Isabela dá um exemplo da disputa diária jocosa e irônica entre o casal: “Acho que o mais difícil mesmo ainda está por vir, quando eu tiver que consolar ele no dia 1º de julho, no tricampeonato do meu boi Caprichoso (risos)”.

Respeito

No caso de Thaís Hayek e Lucas Figueiredo, ela torce pelo Garantido e ele pelo Caprichoso. O casal concorda que o fator que faz com que dois torcedores de bois contrários se relacionem em harmonia é o respeito e o amor pela cultura regional.

“O importante é ter muito respeito. A gente acredita que o importante é gostar do boi, apreciar e dar valor para a nossa cultura. A gente gosta de boi-bumbá, mas cada um é apaixonado por um boi”, relata Thaís.

Lucas também afirma que não é difícil se relacionar com um torcedor do boi contrário. “Para muitos, parece difícil, por conta da rivalidade entre os bois. Buscamos sempre aproveitar o melhor de cada boi, seja nas toadas, itens ou apresentações. O que prevalece é a admiração pela cultura do boi-bumbá”, garante Lucas.

Atenção à cor

O casal também frequenta os domínios dos dois bois-bumbás. Um em apoio ao outro. “Mas a gente nunca vai com a cor de um boi no ensaio do outro”, pondera Thaís.

“Sempre buscamos ir aos ensaios de ambos, de forma igualitária, para evitar qualquer tipo de discussão. Ou seja, se formos ao ensaio de um boi, obrigatoriamente iremos ao outro ensaio, para que ambos curtam e aproveitem cada boi”, diz Lucas.

O Festival de Parintins 2024 também vai ser o primeiro em que Lucas e Thaís vão juntos. “Nunca fomos juntos. Eu já fui em três ocasiões e em todas elas não a conhecia. Este ano será a primeira vez dela e estarei acompanhando em tudo, para conhecer toda a cidade e os principais pontos turísticos”, afirma Lucas.

“Meu noivo já foi e eu não. Vamos juntos esse ano pela primeira vez e ele está cogitando ir na galera do Garantido comigo só para ver minha reação”, diz Thaís.

Lucas acredita que, em Parintins, os ânimos do casal estarão à flor da pele, por conta da ansiedade da apresentação e, definitivamente, pelo resultado. “Somos bem compreensivos quanto ao resultado, pois somos realistas em relação ao que é apresentado na arena”, revela.

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Para Lucas, se relacionar com alguém que tem a mesma paixão por boi-bumbá, ainda que pelo boi contrário, não é problema nenhum. “Nunca tivemos problemas com isso, muito pelo contrário. Sempre foi algo muito forte entre nós em relação à cultura do Boi Bumbá. Ter alguém ao lado que sente a mesma paixão é algo que supera qualquer rivalidade”, diz.

Fonte: ASCOM/SEC

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