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Especialistas avaliam ideia de Lula para criar moeda única entre Brics

Especialistas avaliam ideia de Lula para criar moeda única entre Brics
( Foto: Reprodução )

Iniciativa poderia impulsionar comércio entre países do grupo, mas também afetar negociações envolvendo dólar

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), propôs nesta semana a adoção de uma moeda comum para operações comerciais entre os membros do Brics — Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul —, como forma de reduzir a dependência para o dólar e também para amenizar os custos operacionais de transações envolvendo os países. A ideia dele, na avaliação de economistas, pode até trazer resultados positivos para a economia do bloco, mas não deve ser facilmente implementada.

“O ponto positivo é que você consegue calibrar o preço dos produtos, pois quem vai definir a estratégia dessa moeda são os países do grupo. Assim, eles deixam de ficar à mercê da variação cambial e passam a trocar os produtos 1 por 1, sem risco de variação ou de perda do valor”, avalia o especialista em finanças Marlon Glaciano.

Ele acredita que a moeda única não substituiria o dólar com tanta facilidade, pois levaria tempo para que ela tivesse resultados sólidos. Por outro lado, ele diz que a criação da moeda poderia garantir mais previsibilidade às negociações do Brics.

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Segundo o economista Newton Marques, criar uma nova moeda exigiria uma série de condições macroeconômicas, como uma competitividade similar da economia de todos os países do Brics e parâmetros fiscais semelhantes em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) de cada nação. Com realidades muito distintas, ele diz que um país do grupo poderia ficar em desvantagem em relação a outro e que usar a moeda única seria, na verdade, prejudicial.

“Será possível cada um dos países ter um déficit público em relação ao PIB em um nível tolerável? Será que a inflação terá de ter um intervalo de metas para ser perseguida? Os países também precisariam de reservas cambiais nessa nova moeda e seria necessário haver competitividade entre as nações, caso contrário o câmbio será diferente para cada uma. Não é uma solução tão simples”, analisa Marques.

Além disso, o economista diz que os países do Brics teriam de alinhar diferentes interesses políticos e financeiros para que a moeda conseguisse estabilidade. “Será que a Índia toparia adotar práticas que estão em vigor aqui, por exemplo? Hoje, os interesses de cada país são conflitantes. Não basta somente a vontade do Brasil em querer a moeda, é preciso considerar o que pensam os outros países.”

Fonte: R7.COM

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