Após um ano de curso de gestão em desenvolvimento sustentável, promovido pela Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e pelo Centro de Educação Tecnológica do Amazonas (Cetam), em parceria com a Petrobras, sete projetos no interior do estado do Amazonas foram selecionados para receber o aporte de R$ 25 mil na implementação dos empreendimentos em comunidades ribeirinhas.
A equipe técnica do projeto escolheu propostas que também contribuirão para a geração de renda nas comunidades, entre elas: Padaria Freitas, na comunidade Campo Novo, Guia Turístico, Lanches VS, na Vila Soares, o Açaí do Tony, na comunidade do Punã, o Salão de Beleza da comunidade do Punã, a Lanchonete do Ari, na comunidade do Punã e Turismo Punã, na comunidade do Punã.
José Albino, que conquistou o primeiro lugar na classificação dos projetos, considera que o curso foi uma oportunidade única. “Até então nunca tive uma capacitação na área de educação. Nunca é tarde para aprender. Eu tenho orgulho em ser um técnico agora de desenvolvimento sustentável”, comentou o responsável pelo projeto que prevê a estruturação de uma padaria que vai fornecer produtos alimentícios para a comunidade onde vive e as comunidades vizinhas.
Por enquanto, o fornecimento de pães na comunidade Campo Novo é suprido por estabelecimentos de cidades próximas, o que gera maior emissão de carbono pelo transporte. Com o novo empreendimento, é possível alinhar geração de renda e sustentabilidade com apoio à economia local.
O curso
Os novos técnicos em Gestão de Desenvolvimentos Sustentável tiveram 1.600 horas de curso, ao longo de 12 meses, para aprender conteúdos de empreendedorismo e uso sustentável dos recursos naturais. Os estudos foram realizados por meio de aulas on-line, semi-presenciais, presenciais com oficinas e aulas práticas na Comunidade do Punã, localizada no entorno da Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, município de Uarini, distante 550 quilômetros de Manaus.
Para Valcléia Solidade, superintendente de Desenvolvimento Sustentável de Comunidades da FAS, a estratégia foi levar formação para a chamada Amazônia Profunda, ou seja, no interior da Amazônia e onde há interesse nessa formação, por vezes dificultada pela distância de grandes centros urbanos. “A estratégia é você levar a educação onde ela precisa acontecer. Isso é muito inovador, pois estamos levando o curso customizado para a região para que a pessoa faça uma formação técnica sem precisar ir para outras cidades como Manaus. Isso fez com que a gente mantivesse um número alto de estudantes e os conhecimentos sejam usados nessas mesmas localidades”, avalia Valcléia.
Cada estudante tem uma história de superação e desafios. É o caso da jovem Ionara Xavier, de 22 anos. Com um filho pequeno, o apoio da família foi fundamental para conclusão dos estudos.
“Quando a oportunidade chegou pra mim, através do meu tio, eu pensei muito porque eu tenho um filho pequeno e tinha que fazer as aulas presenciais. A gente vinha três vezes na semana pra cá, minha comunidade fica há uma hora, então, às vezes tinha que ficar aqui, mas meu pai sempre me deu apoio”. Com o diploma na mão, a jovem já pensa em estruturar uma lanchonete e até ajudar as pessoas da comunidade que não têm renda.
Para o coordenador de Projetos Especiais do Cetam, Glauco Barros, o curso demonstra o êxito da união entre as instituições. “O curso em questão tem um significado ímpar para mim porque acompanhei todas as etapas: início, criação até a fase final. É muito gratificante ver os alunos das comunidades tendo destaque”, comentou.
O curso foi realizado com apoio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Amazonas (Sema) e da Associação dos Moradores e Usuários da RDS Mamirauá Antônio Martins (Amurman).
Fonte: FAS