Governo de São Paulo anunciou que vai dobrar o efetivo da polícia e terá motociclistas como um dos focos das fiscalizações
A série de flagrantes de crimes praticados por bandidos com mochilas de aplicativos de entrega na região metropolitana de São Paulo assusta a categoria dos entregadores, que agora é um dos alvos de força-tarefa formada pelo governo estadual, polícias Civil e Militar e pelas próprias plataformas virtuais. Eles relatam que os casos fizeram aumentar ainda mais o preconceito contra a profissão nos últimos meses, assim como as abordagens policiais.
“Durante a pandemia, éramos ‘comparados a heróis’, por várias vezes recebemos os mais diversos tipos de incentivo da populacão e consumidores. Agora voltamos à estaca zero, a classe trabalhadora que é associada a crimes e vandalismo”, conta Rodrigo Oliveira, que trabalha nas ruas da capital paulista.
O anúncio da operação, que vai dobrar o efetivo policial nas ruas, foi formalizado na quarta-feira (4) em resposta ao latrocínio cometido por um falso entregador contra um jovem de 20 anos em frente a namorada, na zona sul de São Paulo. As imagens chocantes viralizaram, e o próprio governador, Rodrigo Garcia (PSDB), convocou os aplicativos para uma reunião.
Os trabalhadores também têm de lidar com roubos e furtos — que dispararam no estado em 2022 — enquanto ainda enfrentam jornadas diárias precarizadas com carga horária de até 12 horas. Após o aumento do preço dos combustíveis, muitos dizem que “pagam para trabalhar“.
Com o anúncio de que serão foco de fiscalizações dos policiais no trânsito, alguns dos trabalhadores entrevistados pelo R7 reclamam de que a ação pode prejudicar sua produtividade, mas a maioria ressalta que a ação traz pontos positivos.
Além das fiscalizações, a polícia aposta na inteligência e na integração da plataforma Detecta, sistema do governo de monitoramento por câmeras, com o banco de dados das empresas de delivery para ajudar na identificação dos criminosos.
“A gente já trabalha na correria, por tempo. O aplicativo dá pouco tempo e, com isso, a gente tem que sair igual a um louco na rua, correndo para cima e para baixo. Se a gente é abordado em uma blitz, tem que ficar parado em torno de dez, 20 minutos. Eu já fiquei uma hora parado em blitz”, relata Elisson Roseno de Lima.Em comum, os trabalhadores criticam o contexto que levou à ação, que julgam ser necessária apenas pelas falhas do governo e das polícias no combate à criminalidade. “A polícia vai procurar uma agulha no palheiro (…) Se o próprio estado — que já é feito para proteger o cidadão de bem — não tem uma solução, que dirá os aplicativos, que estão nos explorando”, critica Alberto Martinez.
Fonte: R7