O Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP), em alusão ao Julho Verde, mês de conscientização sobre o câncer que acomete a região da cabeça e pescoço, lança a campanha “Sinais que podem mudar histórias”, com ações que buscam o envolvimento da sociedade, imprensa, gestores e profissionais da saúde, formadores de opinião e educadores para que o máximo de pessoas, de todas as faixas de idade, conheçam a doença e saibam sobre as causas, sintomas, como prevenir e como fazer o autoexame para identificar alterações suspeitas.
Ao contrário do que ocorre em outros órgãos, quando o câncer acomete a região da cabeça e pescoço a doença pode ser visível ou palpável. Apesar disso, os sinais não são percebidos na maioria dos casos. No Brasil, oito entre 10 casos de câncer que acometem, por exemplo, a cavidade oral são descobertos já em fase avançada.
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O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que 36.620 novos registros devem aparecer neste ano, sendo cerca de 19 mil em homens e 17 mil em mulheres.
Como consequência, o diagnóstico tardio resulta em menor chance de controle da doença, pior qualidade de vida para o paciente, maiores taxas de morbidade e mortalidade, maior risco de mutilação em razão da necessidade de cirurgias mais extensas, maior complexidade de outras modalidades de tratamento e maior demanda por reconstrução facial, assim como mais desafios na reabilitação do paciente.
A missão da campanha é contribuir diretamente na difusão de informação diferenciada sobre a doença, fatores de risco e sintomas. “Além de apontar para quais sinais todos nós devemos estar atentos, vamos alertar para a associação desses tumores a tabagismo, consumo de álcool e infecção pelo vírus HPV. Sempre com um conteúdo didático, referenciado e qualificado, com linguagem acessível a todos”, afirma o oncologista clínico Thiago Bueno de Oliveira, presidente do GBCP.
Sinais que podem mudar histórias
A campanha “Sinais que podem mudar histórias”, traz para este Julho Verde uma programação especial de conteúdo sobre prevenção, diagnóstico e tratamento dos diferentes tumores que acometem a região de cabeça e pescoço: cavidade oral (boca, lábios, língua, gengiva, assoalho da boca e palato), seios da face (maxilares, frontais, etmoidais e esfenoidais), faringe (nasofaringe (atrás da cavidade nasal), orofaringe (onde se encontra a amígdala e a base da língua) e hipofaringe (porção final da faringe, junto ao início do esôfago), além da laringe (supraglote, glote e subglote), glândulas salivares e glândula tireoide.
Todo o material, incluindo as peças em diferentes formatos, ficará disponível para download gratuito. Outro destaque da campanha é a série especial com histórias de pacientes que passaram pela doença, explicando como um sinal mudou a vida de cada um deles.
Quais são os sinais de alerta?
•Ferida na boca que não cicatriza (sintoma mais comum)
•Dor na boca que não passa (também muito comum, mas em fases mais tardias)
•Nódulo persistente ou espessamento na bochecha
•Área avermelhada ou esbranquiçada nas gengivas, língua, amígdala ou revestimento da boca
•Irritação na garganta ou sensação de que alguma coisa está presa ou entalada na garganta
•Dificuldade para mastigar ou engolir
•Dificuldade para mover a mandíbula ou a língua
•Dormência da língua ou outra área da boca
•Inchaço da mandíbula, que faz com que a dentadura ou a prótese percam o encaixe ou incomodem
•Dentes que ficam frouxos ou moles na gengiva ou dor em torno dos dentes ou mandíbula
•Mudanças na voz
•Nódulos ou gânglios aumentados no pescoço
•Perda de peso
•Mau hálito persistente
Vale ressaltar que a existência de qualquer dos sinais e sintomas pode sugerir a existência de câncer, cabendo ao médico avaliar a necessidade de se pedirem outros exames para confirmar ou não o diagnóstico.
Muitos desses sinais e sintomas podem ser causados por outros tipos de câncer ou por doenças benignas. É importante consultar o médico ou o dentista se qualquer desses sintomas persistirem por mais de duas semanas. Quanto mais cedo for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento, maiores são as chances de sucesso.
O câncer de cabeça e pescoço no Brasil e no mundo
A Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC/OMS) aponta que são esperados mais de 1,5 milhão de novos casos de câncer de cabeça e pescoço no mundo em 2022, sendo assim o quinto câncer mais prevalente. Considerando todos os tipos de tumores que acometem a região de cabeça e pescoço, são mais de 460 mil mortes anuais.
No Brasil, os tipos mais comuns de câncer de cabeça e pescoço são os de cavidade oral e laringe, nos homens; e o de tireoide, nas mulheres.
Os fatores de risco são conhecidos e a doença evitável
Diferentemente de muitos tipos de câncer, em que as principais etiologias (causas) não são conhecidas, os principais fatores de risco para desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço são bem estabelecidos: não fumar, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e se prevenir contra o vírus HPV, medida para a qual há vacinas na rede pública e privada de saúde, para imunização de meninos.
Há, portanto, um fator comum nos tumores de cabeça e pescoço: são evitáveis. Para ser mais exato, cerca de 40% dos casos podem ser evitados.
Como prevenir?
•Não fumar
•Não consumir bebidas alcoólicas em excesso
•Vacinar-se contra o papilomavírus humano (HPV)
•Fazer a higiene bucal corretamente
•Usar filtro solar, inclusive nos lábios
Desde janeiro de 2017, o Ministério da Saúde (MS) oferece a proteção de meninos contra o vírus HPV. Essa medida se soma à imunização que já ocorria desde 2014 nas meninas. As vacinas contra HPV protegem contra os dois subtipos do vírus mais associados ao câncer. Esses HPVs oncogênicos – 16 e 18 – são também prevalentes em tumores de cabeça e pescoço, principalmente de orofaringe.
“A contribuição de todos nesta causa é muito importante. Juntos, podemos amplificar e construir uma base de informação sólida que quebre o desconhecido e gere transformação. Queremos que a informação correta e atualizada sobre o câncer de cabeça e pescoço chegue a todos os profissionais de saúde e para a população em geral”, reforça o presidente do GBCP, Thiago Bueno.
Fonte: ESTADO DE MINAS