A inserção de jovens no mercado de trabalho sempre foi um desafio no Brasil. Desde o ano 2000, quando o Programa de Aprendizagem Nacional — conhecido como Jovem Aprendiz — foi instituído, o índice de empregabilidade dos jovens tem apresentado melhorias modestas. De acordo com os dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais) e do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o número de jovens aprendizes contratados subiu de 368.818 em 2016 para 552.190 em junho de 2023 — um aumento de pouco mais de 49% em sete anos. Esse programa oferece incentivos às empresas em diversos aspectos e poderia ser ainda mais eficaz se os empregadores compreendessem os impactos econômicos e sociais que o Programa Jovem Aprendiz pode proporcionar a curto e longo prazo.
Segundo Josmael Castanho, diretor geral da ONG Vocação, um dos objetivos do Programa Jovem Aprendiz é qualificar mão-de-obra para suprir demandas em diferentes setores produtivos. Os profissionais mais jovens, por ingressarem no mercado com pouca ou nenhuma experiência, estão altamente adaptáveis, dispostos a experimentar novas opções de carreira e aptos a aprender diferentes habilidades. Além disso, seu desenvolvimento profissional pode ser moldado à cultura organizacional da empresa.
“Os profissionais mais jovens também contribuem para a equipe com novas perspectivas, favorecendo o ambiente de inovação. Em troca, eles podem aplicar as qualidades natas da cultura digital que vivenciam, como comunicação eficaz, trabalho em rede e uso correto dos dados”, comenta Castanho.
Para além das habilidades técnicas
Durante todo o período do contrato, o Jovem Aprendiz é acompanhado por uma rede de analistas. Sem custos adicionais para a empresa, assistentes sociais e psicólogos permanecem em constante diálogo com a liderança imediata da empresa e com seus familiares. Além da formação técnica relacionada às atividades exercidas na empresa — que apoia seu desenvolvimento profissional e aumenta suas chances de efetivação — esses jovens também passam por formações socioemocionais e humanas, essenciais para suas vidas pessoais e profissionais.
O relatório “O Futuro do Mundo do Trabalho para as Juventudes Brasileiras“, lançado em março de 2023 pelos institutos Veredas e Cíclica, destaca que as empresas têm uma expectativa significativa em relação aos candidatos. Elas buscam não apenas habilidades técnicas, mas também competências cognitivas e socioemocionais — as chamadas soft skills. Segundo o estudo, aproximadamente 82,3% das empresas enfrentam desafios na contratação de jovens com as qualificações necessárias para preencher as vagas disponíveis.
“Para lidar com essa dificuldade, é crucial que os jovens compreendam as expectativas das empresas contratantes e tenham acesso a oportunidades para desenvolver as habilidades necessárias para atender tais expectativas. Portanto, os programas de aprendizagem são fundamentais para preparar os jovens para o mercado de trabalho, pois proporcionam tanto o desenvolvimento técnico, quanto socioemocional, necessários para que eles se integrem perfeitamente nas novas dinâmicas do mercado”, analisa Castanho.
Colocando o ESG em prática
A promoção da diversidade no corpo de colaboradores é uma das principais ferramentas que conectam os setores de Recursos Humanos às políticas ESG das organizações. Empresas inclusivas aumentam o engajamento, a produtividade, a atratividade e retenção tanto dos talentos, quanto dos clientes associados à marca. Uma pesquisa realizada pela McKinsey & Company demonstra que empresas preocupadas com a diversidade de gênero são 21% mais lucrativas; enquanto a diversidade étnica pode aumentar os lucros em até 33%.
Ao oferecer oportunidades aos jovens provenientes de diversas origens étnicas e classes sociais, as empresas contribuem para a Erradicação da Pobreza e da desigualdade social — primeiro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) —, bem como outros ODS como Educação de Qualidade; Emprego e Crescimento Econômico; Igualdade de Gênero; Indústria e Inovação.