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Misturar produtos de limpeza aumenta risco de acidentes

Numa época em que os “cleanfluencers” estão em alta, especialista da indústria química alerta para o perigo de se combinar produtos químicos na hora da faxina

Misturar produtos de limpeza aumenta risco de acidentes
Misturar produtos de limpeza aumenta risco de acidentes

A carreira de cleanfluencer, ou criador de conteúdo de limpeza e organização, vem ganhando popularidade nas redes sociais. Mas, além de misturar boas dicas com bom humor, é importante levar em conta o risco que determinadas combinações de produtos químicos podem oferecer. Ao contrário de misturas inofensivas, como álcool e amaciante de roupa, por exemplo, algumas misturas podem causar graves acidentes quando inaladas ou quando entram em contato com os olhos e a pele.

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em anos recentes tem aumentado a ocorrência de casos de intoxicação pelo uso indevido de produtos químicos – o que levou a agência a redistribuir regularmente a Nota Técnica (NT) 11/2020 elaborada ainda no início da pandemia de Covid-19, quando houve um aumento de 23,3% nos acidentes com misturas de produtos de limpeza. O documento serve de alerta à população, dando orientações sobre o uso e o armazenamento adequados dos chamados saneantes de uso domiciliar, que contêm substâncias ou preparações destinadas à higienização e à desinfecção.

Diretor comercial da Katrium Indústrias Químicas, no Rio de Janeiro, João César de Freitas alerta sobre os riscos de combinações aleatórias de produtos de limpeza. “Não raro, a imprensa noticia casos de intoxicação severa causada por misturas inapropriadas e até danos graves à saúde provocados pela ingestão de substâncias corrosivas. Isso sinaliza que muita gente ainda desconhece o perigo não só de manipular determinados produtos sem a devida proteção, bem como o potencial aumentado para a ocorrência de acidentes”.

Freitas recomenda transformar em hábito ler os rótulos dos produtos de limpeza. “Eles geralmente contêm detergentes, agentes que dissolvem a gordura, solventes e desinfetantes, sendo que suas fórmulas podem conter amônia, cloreto de sódio, hipoclorito de sódio e fosfato trissódico, entre outros. Como a maioria das pessoas lê somente as informações em destaque nas embalagens, acontecem inúmeros acidentes que poderiam ser evitados”.

Segundo o executivo da Katrium, embalagens que trazem a informação “cloro ativo”, por exemplo, indicam que o conteúdo é hipoclorito de sódio e que, embora diluído, não deveria ser misturado com nenhuma outra substância. “É o caso da água sanitária. Apesar de conter baixa concentração de hipoclorito de sódio, ainda assim oferece riscos para quem está manipulando o produto sem proteção, não devendo ser misturada. Ela já tem uma ação germicida que cumpre bem o papel da desinfecção de ambientes e objetos como maçanetas, válvulas de vasos sanitários, torneiras etc.”

Freitas afirma que um bom parâmetro de segurança é jamais misturar dois produtos de limpeza de tipos diferentes, especialmente aqueles que contêm amônia e cloro (alvejante). Sendo assim, é desaconselhável misturar água sanitária com como limpa-vidros, agentes multiuso, detergentes, amaciantes e desinfetantes sanitários.   “Devido à toxicidade, o produto resultante pode causar danos à saúde – lembrando da importância de manter o ambiente sempre arejado. A mistura de água sanitária com álcool é outra que deve ser evitada, por serem produtos incompatíveis”.

Outro alerta dado pelo especialista da indústria química é que até mesmo os vapores imperceptíveis dos alvejantes podem irritar pele, olhos, nariz e garganta. Portanto, sob nenhum pretexto, as pessoas devem misturar no mesmo balde qualquer outro produto com a água sanitária.

Freitas destaca outros seis cuidados importantes:

  • Não deixar produtos de limpeza em armários baixos (ao alcance das crianças);
  • Não estocar embalagens vazias (que podem conter restos de produtos perigosos);
  • Não usar produtos de limpeza para higienizar cães, gatos ou qualquer outro animal;
  • Evitar adquirir produtos de pessoas autônomas, que não estão submetidas às regras da vigilância sanitária;
  • Ler os rótulos do verso dos produtos pelo menos uma vez para entender do que se trata;
  • Em caso de emergências toxicológicas, ligar para o Centro de Intoxicações (CIATox) da cidade onde ocorreu o incidente.

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