Durante o Work/23, um simpósio do MIT Sloan Management Review realizado em maio de 2023 que falou sobre o futuro do trabalho, a apresentadora Beth Berwick trouxe luz ao tema de uso das habilidades em vez de diplomas para avaliar candidatos a empregos e desenvolver avaliações de contratação imparciais. “Deveríamos retirar esse requisito das descrições de cargos”, disse ela, apontando que muitas vezes os certificados excluem grande parte da população. Em vez disso, afirma ela, as organizações deveriam contratar com base nas habilidades de que necessitam.
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Andando de encontro com a ideia e Berwick, apesar de os empregos de crescimento mais rápido apontados Fórum Econômico Mundial, que aconteceu em janeiro deste ano, serem os de especialistas em IA e aprendizado de máquina, especialistas em sustentabilidade, analistas de inteligência de negócios e especialistas em segurança da informação, a reunião anual, – que este ano jogou luz sobre o futuro do trabalho e os novos modelos de gestão -, chegou à conclusão que essa revolução nas habilidades não se limita apenas às competências técnicas necessárias para lidar com avanços como inteligência artificial e computação em nuvem. As habilidades comportamentais, como trabalho em equipe e a construção de uma cultura empresarial sólida, também estão em alta demanda, assim como a gestão de pessoas.
A priorização das habilidades no lugar dos fatores tradicionais, como a formação acadêmica, pode ser uma maneira eficaz de superar os obstáculos em um mercado de trabalho altamente competitivo, explica Charles Betito, especialista em treinamento de lideranças e promoção de saúde mental no trabalho. “Essa abordagem coloca o foco nas habilidades que um candidato pode demonstrar que são relevantes para a função em questão, em vez de se concentrar em fatores como a formação acadêmica, anos de experiência ou títulos de cargos anteriores”, diz.
Ele aponta que a mudança para uma abordagem baseada em habilidades também pode ajudar as empresas a avaliar melhor o potencial de futuros candidatos e até mesmo realocação da equipe já existente, reconhecendo que “o potencial fala mais alto do que qualquer outra coisa”. Betito, que trabalha junto com as empresas para ajudar a desenvolver práticas de talento inclusivas através da Mind Station, empresa de consultoria de RH especializada em desenvolvimento humano e educação corporativa, destaca que “as empresas só tem a ganhar com produtividade e força de trabalho ao reconhecer que habilidades práticas, como adaptabilidade, resolução de problemas e colaboração, são igualmente cruciais quando comparadas ao currículo”. Ele ressalta que “certificados e treinamentos desempenham um papel importante, mas devem ser vistos como complementos para validar as habilidades práticas”.
A IBM, uma empresa dos Estados Unidos voltada para a área de informática, é um exemplo real que obteve sucesso ao priorizar habilidades sobre o currículo. Eles lançaram o programa “New Collar” que valoriza habilidades técnicas e práticas, como programação e análise de dados, em vez de se concentrar apenas em diplomas universitários. Isso permitiu que eles recrutassem talentos diversos e altamente qualificados de uma variedade de origens, melhorando sua inovação e competitividade no mercado. Os trabalhadores de “new collar” são profissionais digitais que possuem a expertise técnica necessária para suas funções, mas não têm um diploma universitário tradicional. Esses trabalhadores estão se tornando cada vez mais comuns em áreas como segurança cibernética, análise de dados e marketing digital, onde as ferramentas e técnicas mais recentes estão evoluindo rapidamente.
Betito ainda enfatiza que, para os indivíduos, essa abordagem pode ser altamente benéfica, tornando as oportunidades de carreira mais acessíveis para aqueles que não seguiram o caminho acadêmico tradicional, mas lembra que a aprendizagem contínua e a demonstração de habilidades práticas se tornam essenciais para o sucesso profissional. Segundo ele, hoje estão entre as habilidades mais valorizadas no mercado de trabalho adaptabilidade, resolução de problemas, comunicação eficaz, colaboração, liderança e a capacidade de aprendizado rápido.
“A gestão de talentos baseada em habilidades e a promoção da mentoria interna são estratégias eficazes para empresas que buscam se adaptar a essa nova realidade”, aconselha ele, apontando que isso permite o acesso a talentos diversificados e altamente qualificados, impulsionando a inovação e a competitividade. Ele aponta que a mentoria interna pode ser promovida efetivamente pelas organizações criando programas estruturados de desenvolvimento de talentos, incentivando a colaboração entre colegas e líderes, já que “também é importante criar uma cultura que valorize o aprendizado contínuo e o compartilhamento de conhecimento”.
O especialista afirma que empresas e indivíduos que abraçam essa mudança estão se preparando para prosperar em um ambiente profissional em constante evolução. Para líderes e empresários que desejam adotar essa nova abordagem, ele deixa um conselho: começar por entender as necessidades de sua organização e identificar as habilidades-chave necessárias para chegar ao seu objetivo. “Uma força de trabalho diversificada e habilidosa é fundamental para o crescimento e a inovação de longo prazo”, assegura ele, completando que “investir no desenvolvimento dessas habilidades na equipe atual, seja por meio de treinamentos internos ou externos, e estar aberto a recrutar com base nas competências necessárias, independentemente do histórico acadêmico” é um bom começo.