A depressão, um dos transtornos psiquiátricos mais frequentes no mundo, está atingindo um número cada vez maior de pessoas no Brasil, como revelou o último levantamento nacional, o Covitel 2023. De acordo com a pesquisa, 12,7% dos entrevistados afirmaram já terem recebido um diagnóstico médico para a doença. As maiores prevalências foram encontradas na região Sul (18,3%), entre as mulheres (18,1%) e na faixa etária de 55 a 64 anos (17%), seguida pelos jovens de 18 a 24 anos (14,1%).
+ Leia mais notícias no portal Amazônia Sem Fronteira
O estudo, que ouviu 9.000 pessoas de todas as regiões do país, destaca a importância de aprimorar estratégias de diagnóstico precoce e combate ao estigma associado aos transtornos psiquiátricos.
O aumento do número de pessoas com depressão entre as mulheres, segundo o médico psiquiatra Cyro Masci, pode estar relacionado a diversos fatores, incluindo questões hormonais, estresse decorrente de múltiplas responsabilidades, pressão social e cultural, entre outros. No caso dos jovens, o isolamento social imposto pela pandemia, a pressão pelo sucesso acadêmico e a incerteza em relação ao futuro podem ser fatores contribuintes.
Masci ressalta que o diagnóstico precoce é fundamental, pois quanto mais cedo a depressão for identificada, mais eficaz será o tratamento. Entretanto, o psiquiatra alerta que ainda há muito preconceito e desinformação em torno dos transtornos psiquiátricos.
Segundo o médico, o estigma em torno da depressão cria barreiras para a busca de ajuda e tratamento. Muitas pessoas evitam procurar ajuda profissional com medo de serem rotuladas ou mal compreendidas. Isso só agrava a situação, já que o adiamento do tratamento pode levar a uma progressão mais grave da doença.
O psiquiatra ressalta que, embora seja uma condição tratável, a depressão é frequentemente subdiagnosticada ou mal interpretada, especialmente devido ao estigma social que ainda existe em torno dos transtornos mentais. Isso dificulta não apenas o diagnóstico precoce, mas também o acesso ao tratamento adequado, que geralmente envolve uma combinação de medicamentos, psicoterapia e mudanças no estilo de vida.
Para Cyro Masci, é fundamental que haja uma mudança na forma como a sociedade encara a depressão e outros transtornos mentais. Ele afirma que os transtornos psiquiátricos são condições médicas legítimas, que merecem o mesmo cuidado, compreensão e tratamento que qualquer outra doença.
“A depressão não é uma escolha, e ninguém deve se sentir envergonhado por buscar ajuda. Os transtornos psiquiátricos devem ser encarados como um componente vital da saúde geral do indivíduo, sendo preciso combater o estigma, promover a conscientização e garantir o acesso adequado ao tratamento, para que mais pessoas possam encontrar alívio e esperança diante desse desafio urgente”, finaliza.