No inverno, período em que a temperatura ambiente declina muito, o organismo tem aumento de funções para manter a temperatura corporal. Vários sistemas de defesa são ativados, dentre eles diminuir a perfusão de sangue na periferia do corpo, com a finalidade de não perder calor.
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Para que essas mudanças ocorram há um aumento na liberação de substâncias vasoativas como as catecolaminas que elevam os níveis da pressão arterial, resultando em aumento do estresse hemodinâmico.
De acordo com o médico neurorradiologista intervencionista e responsável pela equipe de Hemodinâmica do Hospital VITA, em Curitiba, Dr. Gelson Koppe, a alteração de fluxo sanguíneo causa sobrecarga em órgãos chamados “alvo” – coração, cérebro e rins -, aumentando os riscos de acidente vascular cerebral (AVC) nesta época do ano.
O Dr. Gelson explica que nas baixas temperaturas ocorre também uma mudança dos hábitos, as pessoas acabam ingerindo menos líquidos, diminuem a prática de atividades físicas – devido ao tempo adverso, e há uma mudança alimentar – são ingeridos alimentos mais calóricos, o que pode levar à descompensação de doenças que estavam estáveis como hipertensão arterial, diabetes, insuficiência cardíaca, entre outras. Por isso, segundo o especialista, no frio é importante manter:
– Hidratação adequada;
– Atividade física frequente sem excessos;
– Alimentação equilibrada;
– Manutenção dos horários e frequência no uso das medicações;
– Em qualquer sinal de alterações clínicas, não ficar em casa, procurar um serviço especializado para que não se perca um tempo precioso.
O Dr. Gelson destaca a importância das pessoas, familiares e amigos ficarem atentos a alguns sintomas de AVC, como:
– Amortecimento inesperado e ou perda da força de um lado do corpo;
– Paralisia de um lado da face;
– Alteração na articulação das palavras ou dificuldade para falar;
– Perda ou alteração súbita da visão;
– Alteração no nível de consciência;
– Perda total da consciência (desmaio).
Tratamento
O mais importante é reconhecer que a pessoa está tendo o AVC e encaminhá-la com urgência para um serviço especializado. O Dr. Gelson explica que hoje o tratamento do AVC pode ser feito com medicações trombolíticas que, quando administrados via venosa podem dissolver os coágulos, mas só pode ser instituída até quatro a cinco horas do início dos sintomas pelo risco de sangramento, além de atuar melhor nos pequenos vasos sem resultados efetivos quando são artérias do cérebro de maior calibre. Ainda se pode em casos específicos, e marcadamente acima de cinco horas, por cateterismo, chegar rapidamente ao local onde está o coágulo e retirá-lo restituindo a circulação do cérebro.
Riscos e sequelas
Dependendo da área cerebral afetada, as sequelas podem ir desde um amortecimento de um dos membros ou face, até a paralisia total de um lado do corpo incapacitando definitivamente o paciente. Quanto mais passar o tempo da hora inicial do AVC, maior são as chances de sequelas definitivas e até de morte, dependendo da área do cérebro afetada e da extensão de tecido cerebral atingida. “O reconhecimento dos sintomas e o envio do paciente o mais rápido possível a um serviço especializado é o suporte principal e a maior chance de minimizar sequelas que os familiares podem dar ao paciente. Tempo é cérebro”, ressalta o especialista.