A indústria de transformação precisa receber investimentos anuais de R$ 456 bilhões (4,6% do PIB), de forma sustentável, ao longo de um período entre sete e dez anos, para recuperar o nível de produtividade do passado. Este cálculo foi feito pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em estudo inédito, realizado a partir de informações da Pesquisa Industrial Anual (PIA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Nos anos 1970, a produtividade do Brasil equivalia a 55% da norte-americana, que é o valor de referência da economia brasileira. Atualmente, equivale a apenas 20%. Voltar ao patamar de 50 anos atrás e recuperar a produtividade perdida é o desafio colocado para o setor industrial nacional. Hoje, são investidos anualmente apenas 2,6% do PIB na indústria de transformação, o que sequer cobre os custos com a depreciação dos ativos (estimado em 2,7% do PIB).
Parque industrial envelhecido
“É preciso investir para superar os gargalos do complexo industrial brasileiro”, defende José Roberto Colnaghi, presidente do Conselho de Administração da Asperbras, que atua em diversos setores da indústria. “Afinal, o envelhecimento do parque industrial resulta em atraso tecnológico e deixa a indústria menos produtiva e menos competitiva”, diz Colnaghi, lembrando que uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria mostrou que é de 14 anos a idade média das máquinas e equipamentos utilizados no setor.
O estudo da Fiesp revelou também que o montante investido na indústria de transformação está caindo em relação aos investimentos totais na economia, atingindo o menor patamar em vinte anos. Representavam 20,9% do total dos investimentos do país na primeira década dos anos 2000. E, em 2021, último ano disponível, essa participação encolheu para 12,9%.
“Além disso, a participação da indústria de transformação no PIB brasileiro já foi o dobro da atual, de cerca de 12%. É preciso retomar os investimentos para que o setor volte a ter protagonismo. É um segmento estratégico, pois é mais inovador e que, quando cresce, alavanca o conjunto da economia”, acrescenta José Roberto Colnaghi.
Perfil dos investimentos
A pesquisa também atesta uma mudança estrutural nos investimentos, que estão cada vez mais concentrados na fabricação de produtos derivados de petróleo e biocombustíveis. No período de 1996 a 2000, por exemplo, esse segmento equivalia a 9% do investimento total da indústria de transformação. Já no período de 2017 a 2021 passou a representar quase 1/3. A partir desses dados, é possível concluir que, excluindo a fabricação de produtos derivados de petróleo e biocombustíveis, há uma lenta renovação do estoque de capital.
Para José Roberto Colnaghi, a melhoria do ambiente de negócios, com a redução do Custo Brasil e mais disponibilidade de crédito, é condição essencial para a indústria de transformação voltar a ser protagonista dos investimentos. E, para tanto, a aprovação da Reforma Tributária é a medida mais importante no horizonte. “A reforma irá simplificar o sistema, tornando-o mais eficiente, além de garantir à indústria de transformação maior isonomia em relação ao pagamento de tributos. É um passo fundamental para reverter o quadro atual”, finaliza Colnaghi.