Altas taxas de juros e novos hábitos de consumo impulsionam o mercado de consórcios. Segundo dados da Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (ABAC), publicado pela empresa de consórcios Embracon, entre janeiro e julho de 2023, o setor atingiu o marco de 9,8 milhões de cotistas participantes e, entre janeiro e junho, foram R$ 178 bilhões de créditos comercializados.
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Aproveitando o crescimento do setor, consumidores se preparam para adquirir novos bens. Segundo o estudo do Webmotors Autoinsights, publicado no iG, 89% dos entrevistados pretendem trocar de carro até 2024.
Nas liberações acumuladas de janeiro a maio, o Sistema de Consórcios atingiu 51,3% de potencial presença no setor de automóveis, utilitários e camionetes. Os dados do mercado interno são da Fenabrave. Isso significa que metade dos veículos vendidos são comprados através de consórcio.
Segundo Luís Toscano, vice-presidente de Negócios da Embracon, uma administradora de consórcios com 35 anos de mercado, a modalidade de investimento é a saída mais viável para quem não consegue poupar. “O consórcio nada mais é que um autoinvestimento, em que o consorciado paga um boleto mensal e este valor passa a render juros (de acordo com a Selic) e ao ser contemplado, ele pode comprar um bem. A modalidade com mais vendas é a automotiva”, explica.
O sistema de Consórcios, originado no Brasil nos anos 1960, permite que pessoas se unam para poupar e adquirir bens de forma colaborativa, sem juros, e é apoiado pela Lei 11.795. A cada mês, alguém é sorteado e recebe a carta de crédito para comprar um bem. Além disso, também é possível acelerar a contemplação por meio de lances.
No primeiro quadrimestre de 2023, as contemplações no setor imobiliário apontaram potenciais 16,5% de participação do consórcio no total de 212,48 mil imóveis financiados (incluindo a modalidade). Ou seja, a cada seis imóveis comercializados no Brasil, um é vendido por consórcio. “O sistema é uma das melhores formas de alavancar financeiramente um bem e, por isso, tem crescido de forma acelerada. O consumidor está entendendo que é possível adquirir um imóvel, um carro, um terreno sem pagar juros por isso”, avalia Toscano.
Pesquisa mostra o impacto positivo do consórcio na redução do endividamento
Uma pesquisa inédita da Embracon, realizada em setembro com 2.500 clientes ativos da empresa, mostrou que 53% dos endividados afirmam que o consórcio gerou um impacto positivo em suas vidas financeiras. Luís Toscano afirma que o consórcio é uma modalidade de compra que ajuda na programação financeira e, consequentemente, na redução do endividamento das famílias. “Com a pesquisa, podemos concluir que o consórcio, segundo os próprios clientes, tende a ter um impacto positivo para que eles não se endividem no futuro”.
Guilherme Bento, 23, é de Osasco (SP), possui uma cota de automóvel e uma de imóvel. “No ano passado tive uma terceira cota de automóvel, fui contemplado e vendi para ter a renda. Sempre que possível, gosto de buscar o consórcio porque é um excelente investimento”, afirma o empresário que possui uma agência de marketing digital, a Prime Lead.
Umas das formas que Bento encontrou para gerir melhor suas dívidas e ter mais controle financeiro com o consórcio foi usá-lo para quitar um financiamento imobiliário. “A cota de imóvel, pretendo usar para quitar o financiamento do meu apartamento e poder usufruir do bem sem os juros da modalidade”.
Bruno Ramos, 40, é corretor de imóveis, mora na região metropolitana de Salvador e está usando a carta de crédito do consórcio de imóvel para construir seu novo escritório. “A obra está em 70% de fase de construção, o consórcio vai liberando crédito conforme o cronograma de construção. Com isso, economizei muito e me livrei dos juros bancários que são bem mais altos do que a taxa administrativa”, explica.
O casal, Luan, 29, e Talita, 28, mora na região de Santos, litoral paulista, e tinha acabado de pagar um financiamento de um carro. Para continuar investindo, o casal optou por comprar uma cota de imóveis. “Quitamos um financiamento e pensando em usar aquela parcela que a gente pagava, fizemos um consórcio de imóveis, porque não queríamos mais pagar os juros absurdos do financiamento”. O casal indica a modalidade para quem tem um planejamento financeiro. “Para a pessoa que tiver um planejamento para isso, é muito indicado o consórcio”, avalia.