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Política do novo governo pode gerar incerteza na economia brasileira

Lula foi eleito pela terceira vez ao cargo de Presidente da República com 50,9% dos votos válidos. No mercado internacional, o ciclo de aumento de juros e redução de liquidez permanece enquanto os índices de inflação da maior parte dos países rodam em patamares elevados.

Política do novo governo pode gerar incerteza na economia brasileira
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O mês de outubro terminou no campo positivo para o índice Bovespa (+5,5%) ao passo que o Real valorizou +2,8%. Após meses de acalorados debates e trocas de acusações entre os dois principais candidatos ao Governo Federal, o ex-presidente Lula foi eleito pela terceira vez ao cargo de presidente da República com 50,9% dos votos válidos.

Com a definição do novo presidente da República, as incertezas sobre o direcionamento das políticas econômicas devem começar a diminuir ao longo dos próximos meses. O processo de transição deve começar nos próximos dias, juntamente com o anúncio dos primeiros nomes que comporão a equipe do novo governo. Para o economista Felipe Bernardi Capistrano Diniz, é importante acompanhar qual será o posicionamento do novo governo em relação à condução das empresas estatais, políticas setoriais, novos investimentos e controle de gastos. Ainda no cenário local, existe uma atenção à dinâmica da atividade doméstica. Espera-se que aconteça uma acomodação do crescimento após o processo eleitoral.

No mercado internacional, o ciclo de aumento de juros e redução de liquidez permanece enquanto os índices de inflação da maior parte dos países rodam em patamares elevados. O juro do Treasury americano de 10 anos atingiu a taxa de 4,25% em outubro (máxima desde junho de 2008) ao passo que os investidores projetam aumentos contínuos das taxas básicas do Fed. Contudo, o mercado acionário global continua a menosprezar este ajuste de condições econômicas e custo de capital. O posicionamento da maioria dos gestores de fundos parece já apropriado para este cenário, todavia tanto os investidores pessoas físicas quanto grandes investidores ainda parecem precisar ajustar a alocação de seus portfólios entre ações e títulos de renda fixa.

O mundo está cada vez mais complexo com os inúmeros eventos geopolíticos e econômicos. A guerra entre Rússia e Ucrânia permanece uma incógnita, impactando o fornecimento de energia à Europa. A Inglaterra, com a chegada de Rishi Sunak como primeiro-ministro, viu sua moeda apresentar forte desvalorização, com o mercado rechaçando o plano de corte de impostos proposto. O Banco Central inglês se viu obrigado a intervir nos mercados para não sucumbir em crise sistêmica. O congresso do Partido Comunista Chinês consolidou o poder de Xi Jinping. O distanciamento do Ocidente e sua política de lockdowns e combate à covid-19 vem causando grande pressão na atividade. Diz Felipe Bernardi Diniz, “o setor imobiliário, um dos exemplos mais notórios da perda de tração da atividade, apesar do esforço do governo, segue muito pressionado diante de eventuais riscos mais estruturais e complexos. Em um cenário de crescimento do custo de capital, o velho e conhecido remédio chinês (aumento de intervenções e subsídios), dessa vez se mostra bem mais oneroso”. Nos Estados Unidos, ainda que existam alguns sinais de proximidade do pico da inflação, o ambiente parece ser o de redução de investimentos com o forte incremento do custo de capital.

Assim, conclui Felipe Bernardi Diniz “vemos que a atividade econômica americana, assim como nos países desenvolvidos, ainda apresenta uma assimetria negativa. Uma vez que estamos diante de uma recessão ao longo dos próximos trimestres, neste momento o desempenho das ações está pressionado, inviabilizando inúmeros projetos e elevando o custo de tomada de financiamento das empresas.”

POR DINO

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